Em 2 de abril de 1796, toda a Londres foi até o teatro de Drury Lane para
assistir à peça Vortingern e Rowena, que contava a trágica história de amor
entre o príncipe bretão Vortingern e a filha do invasor saxão Hengist. O drama
prometia muito sangue, suor e lágrimas, pois era um texto inédito de William
Shakespeare encontrado por William Henry Ireland, de 17 anos, em
Stratford-on-Avon, terra natal do bardo. O dramaturgo Richard Sheridan havia
notado que Vortingern e Rowena tinha uma trama mal elaborada e os personagens
não apresentavam a mesma densidade encontrada em outros trabalhos de
Shakespeare. Era, provavelmente, um trabalho da juventude do autor. Mas William
Henry Ireland já havia descoberto fragmentos de Hamlet e o manuscrito original
do Rei Lear, além de várias cartas escritas por Shakespeare. A peça, portanto,
devia ser autêntica. Não era. Tudo falso. As cartas, os fragmentos, a peça,
tudo.
Vortingern e Rowena havia sido escrita pelo próprio William Henry Ireland. Fã
de Shakespeare, Ireland começou sua carreira de falsério ao forjar uma carta do
dramaturgo. Quando conseguiu vender a antiguidade, resolveu alçar vôos maiores
e falsificar trechos de peças. Até que finalmente, num acesso de megalomania,
escreveu um drama inteiro inspirado na história de Vortingern e Rowena. A farsa
foi revelada pelo autor John Kemble e pelo perito shaskepeareano Edmund Malone.
O jovem Ireland não perdeu o entusiasmo pelo ídolo e chegou a escrever outra
peça de inspiração shakespeareana, Henrique II, que não fez nenhum sucesso.
Embora pareça um personagem de Jorge Luis Borges, William Henry Ireland existiu
mesmo, e suas fraudes podem ser vistas no Museu Britânico. A não ser que sua
própria existência tenha sido forjada, e aí estaríamos mais uma vez perdidos
num labirinto conspirativo – o que é possível, embora não provável.
Algum
comentário, duvida ou opinião deixem nos comentários
Para entrar em contato
comigo: via facebook, email, orkut ou twitter
Beijos
Hatsune Miku Chan
Nenhum comentário:
Postar um comentário
コメントをありがとう(Komento o arigatō)
ou
Muito obrigada por Comentar