Além de ser obcecado por cangaceiros e câmara trêmula, o diretor de cinema Glauber Rocha (1839-1981) também era louco por teorias conspiratórias. Entre as várias paranóias que assaltavam a mente do cineastra, uma delas é que a America latina era vítima de um certo Projeto Camelot, arquitetado pela CIA. Segundo Glauber, o movimento hippie, o gay Power, a militância ecológica e a política do corpo eram financiados, incentivados e fabricados pelos ESTADOS UNIDOS para destruir potencial revolucionário do Terceiro Mundo. No livro Patrulhas Ideológicas (Brasiliense, 1980), Glauber Rocha é categórico: “A opção hippie era a opção da CIA programada para o Brasil (…) para transformar maoístas guerrilheiros em hippies drogados. Foi a luta da granada contra o rock”.
Glauber talvez estivesse experimento o mesmo tipo de delírio que acometia os personagens de seus filmes, mas ele não foi o único a relacionar o movimento hippie à CIA. Existem provas de que a organização financiou a produção de LSD na Califórnia, nos anos 1960, como parte do programa MK ULTRA, investigado pelo senado americano nos anos 1970.
A denúncia de que o movimento hippie era um projeto de alienação cultural criado pela CIA sempre fez parte do repertório da esquerda clássica. Quando o Partido Comunista Brasileiro protestava contra a guitarra elétrica é por que temia que o rock’n’roll destruísse a mente dos jovens do país. Como se vê, esquerda e direita frequentemente partilham as mesmas paranóias.
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Abel Bonnard
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Hatsune Mayu Chan
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